quarta-feira, 20 de abril de 2011

Mandinga de escravo em ânsia de liberdade, seu princípio não tem método e seu fim é inconcebível ao mais sábio capoeirista.
Vicente Joaquim Ferreira Pastinha - Mestre Pastinha
1889 - 1981

quarta-feira, 30 de março de 2011

O Dono Da Verdade - Mestre Tony Vargas

A Capoeira não tem apenas uma verdade. Ela tem várias verdades, e várias outras verdades que se fazem a cada roda, a cada toque do berimbau. Por isso a Capoeira não pode ter um dono. E muito menos um dono da verdade. Nós temos que ter humildade pra deixar a Capoeira no levar por esse mundo afora, pelos mistérios...

Você que é dono da verdade
Dono do certo e do errado
O seu caminho meu "compadi"
Ta cada vez mais apertado
Você quer sempre ter razão
Mas anda muito equivocado
Você defende a negritude
Mas age como um feitor
O orgulho vaza na atitude
É um discurso sem valor
Um pouco mais de humildade
Faria bem para o senhor
Olha essa sua prepotência
Esse seu ar superior
Pode levá-lo a decadência
Pode afastá-lo do axé
Sapato grande em pé pequeno
Acaba machucando o pé


sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

O CINEMA E A CAPOEIRA SEUS ERROS E ACERTOS

Atualmente não houve muita divulgação exclusiva da capoeira nos filmes, um exemplo é que com a moda de filmes de ação na década de 90 (também chamados de filmes B) a capoeira veio aparecendo aos poucos, entrando em evidência assim nossos colegas compatriotas.

Esporte Sangrento - Só os mais fortes sobrevivem?

Mas um exemplo de filme que viria alavancar o numero de praticantes da arte nas academias seria “Esporte Sangrento” (Only the Strong- 1993 de Shelldon Lettich) Que conta a historia de um ex boina-verde Steve Louis (Mark Dacascos)que retorna á Miami depois de ser dispensado de sua missão no Brasil (provavelmente na Amazônia, é um costume chato dos norte americanos achar que todo brasileiro é amazonense e tem nome latino) e retornando ao seu bairro de origem se depara com a sua antiga escola tomada pelo crime e trafico de drogas. Usando técnicas de capoeira consegue expulsar um traficante e sua gangue da escola. O seu ex-professor de ciências sociais percebe que Louis chamou a atenção de todos o jovens que presenciaram a cena e decide ajudá-lo a criar um projeto estudantil para jovens delinqüentes.O que acontece a seguir é uma luta entre a busca de redenção desses jovens com a ajuda de Louis e a tentativa dos traficantes e chefões do crime em forçá-los a permanecer na delinqüência.

Realmente o filme foi um blockbuster, eu mesmo ainda assisti varias em vhs vezes e ainda assisto em dvd (uma versão convertida do vhs), mas o que vem ao caso, é que nada foi falado sobre os fundamentos da capoeira e a temática já levada pelo titulo em português deu a parecer que a capoeira era isso mesmo: um esporte sangrento no qual seu praticante só sabia resolver seus problemas com violência. Poderiam ter mantido a tradução original que ficaria “Só os Mais Fortes”, acredito que essa não se referiria somente a força física, a força de vontade de cada ser humano em buscar melhorar sempre, acho que seria bem melhor.




Besouro: Nasce um herói – Todo capoeirista é seguidor do Candomblé?

O filme Besouro: Nasce um herói, de João Daniel Tikhomiroff, lançado em 2009 poderia ser um filme que daria um incentivo ao jovem brasileiro a praticar nossa arte, que já a um certo tempo tinha sido deixada de lado.

Conta a historia de um Besouro que não era bem aquele que eu muito ouvi, mostrando uma visão de um herói revolucionário para quem assistia, deixando quem realmente conhecia a capoeira um gosto amargo de decepção. Um fato que foi gritante foi que o ano em que se passava a historia do filme (1924) Manuel Henrique Pereira já estava morto, e que o próprio mestre Alípio já teria falecido no final da década de 10, segundo o depoimento do finado Cobrinha Verde ( um dos discípulos de Besouro, o mesmo afirma que Besouro Magangá morreu aos 27 anos, meio contraditório á sua data de nascimento e de óbito:1895 - 1924 ) fora que a historia do filme foi voltada para a promoção do Candomblé como uma forma de aumentar mais ainda o preconceito em relação á arte. Faltou falar do evento em que no meio da praça a policia tentou matar o nosso herói atirando a queima-roupa e não mencionou sua luta contra mais de 40 jagunços na mata da fazenda de Maracangalha, faltou falar de Eusébio de Quibaca, o seu algoz, deixando a mente de quem não conhece a lenda a relutante a sugestão de quem contar a historia de Besouro de Magangá. Os movimentos de capoeira usados no filme, assim como a ginga eram elementos de Luta Regional Baiana, que foi criada em 1938 aproximadamente por mestre Bimba. Devo lembrar que o capoeirista angoleiro não ginga, ele tem uma forma particular de se movimentar no jogo.

A Capoeira foi criada como uma arma pra luta de um ideal e um anseio de liberdade ao qual a raça negra não conhecia e lutava de uma forma coletiva. Qualquer associação religiosa á uma forma de expressão coletiva pra mim é uma forma de preconceito grave, pois religião é algo de cada individuo e jamais pode ser levada em manifestações esportivas ou artísticas.

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

DE ONDE VIERAM TANTAS LENDAS?


É bem dificil de aceitar certas historias que nos contam sobre não só de capoeiristas como tambem de diversos super-humanos que vieram aparecendo no decorrer da historia da humanidade e que mexem com a nossa imaginação e curiosidade ate hoje;
Eram pessoas aparentemente comuns que eram praticamente um exercito de um homem só o que levou á muitos reis, governadores, generais, coroneis e tiranos a perder o sono com suas ações audazes e seus feitos que ganhavam o carisma do povo que era oprimido. E com os nossos capoeirstas não podia ser diferente.
Assim como no topico qe falava sobre o escravo Adão (relembrando ser o primeiro relato sobre um capoerista), apareceram outros, alguns considerados arruaçeiros, outros herois e outros que diziam ter parte com as forças sobrenaturais ou com o proprio diabo.
Pra ajudar a compreender mais sobre esse assunto é nessessario falar sobre um conjunto de tecnincas milenares que ganhou força no Japão feudal: o ninjutsu.
A origem do ninjutsu é praticamente um misterio assim como a quantidade de tecnicas que ramificam seu estilo, sabe-se que o auge de sua força baseia-se na ilusão, decepção, mimetização com o ambiente a sua volta, discrição e sobrevivencia, onde dificilmente tinha a ver com força bruta ou o fato de confrontar diversos inimigos simultaneamente, mesmo que seu treinamento e o uso dessas tecinicas causassem a percepção de isso ser possivel pra eles. Os ninjas eram mestres em criar mitos e reputação e isso rendeu a eles a qualidade de “guerreiros ou demonios das sombras”.
Condicionados a essa mesma premissa se encontram os capoeiristas, sendo como a única arte marcial no mundo inteiro que se equipare de igual pra igual ao restante das artes marciais.
Relembro sobre uma reportagem sobre mestre Itapoã onde lhe foi perguntado sobre mestre Bimba e um artigo no jornal que falava que Bimba teria dado uma surra numa patrulha da policia militar, a noticia dizia que Bimba teria jogado os seis de cima de um barranco. O proprio Mestre Bimba disse pra Itapoã:”Olha Itapoã, a patrulha me cercou na beira do barranco, eu verifiquei que o único armado era o Sargento, então peguei ele e joguei no barranco, os outros desceram pra ajudar o Sargento e eu corri, fui embora. E você acha que no dia seguinte eu ia aparecer no jornal pra desmentir a noticia?” e ele ria muito!

sexta-feira, 21 de maio de 2010

O BERIMBAU E A SUA ORIGEM


Sua origem se perde na poeira dos milênios, porque o instrumento nada mais é que um modelo de arco, um dos primeiros instrumentos usados pelo homem para produzir sons, há quase 20 mil anos. A grande dúvida dos estudiosos, até hoje sem resposta, é se foi o arco usado para atirar flechas que deu origem ao arco musical - tataravô do berimbau - ou se ocorreu o contrário. Seja como for, o instrumento ganhou a forma que tem hoje entre as antigas tribos nativas africanas. Tudo indica que ele teria chegado ao Brasil já em 1538, junto com os primeiros escravos. Aqui, ele passou a ser identificado como elemento típico da capoeira. "O berimbau é a alma dessa mistura de dança e arte marcial, definindo tanto os movimentos quanto o ritmo", afirma a historiadora Rosângela Costa Araújo, doutoranda na USP e fundadora do Grupo Nzinga de capoeira-angola. Isso não significa, porém, que seu som hipnótico se mantenha restrito às rodas de luta.
Na África, ele marca presença como acompanhamento musical de rituais fúnebres - e no Brasil também foi usado, no século XIX, por escravos recém-libertados para atrair compradores para os doces que vendiam nas ruas. Apesar do jeitão de objeto improvisado, o berimbau é um instrumento sofisticado, capaz de emitir várias sonoridades. Numa roda de capoeira autêntica, ele costuma aparecer em trio, cada um com um diferente tamanho de cabaça (sua caixa de ressonância). Quanto maior ela for, mais grave é o som.

Para tocar berimbau é preciso dominar seus sete componentes:

Baqueta
A vareta de madeira, que mede entre 30 e 40 cm, é batida contra a corda para emitir o som

Dobrão
Normalmente é uma moeda velha - mas há quem use uma pedra em seu lugar. Ela é segurada entre o polegar e o indicador da mão esquerda e faz variar as notas emitidas pelo berimbau, dependendo da pressão que faz na corda

Cabaça
O fruto seco e limpo da cabaceira (árvore comum no norte do Brasil) tem o formato de uma cuia e funciona como caixa de ressonância

Verga
O arco, com cerca de 1,60 m de comprimento, é feito geralmente do caule de um arbusto chamado biriba, comum no Nordeste

Corda
O fio de arame de aço bem esticado costuma ser arrancado de pneus radiais

Amarração da cabaça
O barbante que prende a cabaça à verga ajuda a passar para ela o som emitido pela corda

Caxixi
O pequeno chocalho (com pedrinhas, sementes ou búzios) reforça a marcação do ritmo

terça-feira, 18 de maio de 2010

SOBRE O PRIMEIRO REGISTRO SOBRE A CAPOEIRA EM 1789



O registro a seguir é o que seria o primeiro, senão um dos um dos primeiros sobre capoeira.

Jornal do Brasil
15 de novembro de 1999
Caderno B, p.22 - 1ª Edição
CRÔNICAS DO RIO COLONIAL
20ª semana, 36ª crônica
NIREU CAVALCANTI

O capoeira

O mulato Adão, escravo de Manoel Cardoso Fontes, comprado ainda moleque, tornou-se um tipo robusto, trabalhador e muito obediente ao seu senhor, servindo-lhe nas tarefas da casa.
Manoel resolveu explorá-lo alugando-o a terceiros como servente de obras, carregador ou outro qualquer serviço braçal. Tornou-se Adão deste modo uma boa fonte de renda para seu senhor.
Com o passar do tempo, o tímido escravo, que antes vivera sempre caseiro, tornou-se mais desenvolto, independente e começou a chegar tarde em casa, muito tempo depois do término do serviço. Manoel questionava-o: o que levava à mudança de conduta? As desculpas eram as mais inconsistentes para o senhor. Até ocorrer o que já o preocupava: Adão não mais voltou para casa. Certamente fugira para algum quilombo do subúrbio da cidade.
Para sua surpresa, Manoel foi encontrar Adão por trás das grades da cadeia da Relação. Havia sido preso junto a outros desordeiros que praticavam a capoeira. Naquele dia ocorrera uma briga entre capoeiras e um deles fora morto. Crimes gravíssimos para as leis do reino: a prática da capoeiragem, ainda resultando em morte.
No decorrer do processo constatou-se que Adão era inocente quanto ao assassinato, mas foi confirmada sua condição de capoeira, sendo, por isso, condenado a levar 500 açoites e a trabalhar dois anos nas obras públicas.
Seu senhor, após Adão cumprir alguns meses de trabalho e ter sido castigado no pelourinho, solicitou ao rei, em nome da Paixão de Cristo, perdão do resto da pena argumentando ser um homem pobre e, portanto, muito dependente da renda que seu escravo lhe dava. Comprometeu-se a cuidar para que Adão não mais voltasse a conviver com os capoeiras, tornando-se um deles. Teve o pedido homologado pelo Tribunal em 25.04.1789.
(ANRJ — Tribunal da Relação — cód. 24, livro 10)

Publicado inicialmente com ilustrações de Hélio Brasil. Copyright © 1999-2000, JB Online. É proibida a reprodução total ou parcial do conteúdo do JB Online para fins comerciais.
notas.

No ano de 1789, Páscoa foi no 12 de abril.
Nireu Cavalcanti publicou 53 crônicas semanais em 1999-2000 no Jornal do Brasil, continuando a sua pesquisa, que desembocou em tese de doutorado de história e livro, trabalhos que interessam a todos que querem se inteirar do contexto daquela notícia de capoeira.

domingo, 2 de maio de 2010

O QUE É MANDINGA?

A Mandinga nada mais é que a habilidade de se quebrar todas quaisquer expectativas, o mandingueiro nada mais é que um ator, um ilusionista, um mago, um mendigo, um louco, um fraco ou um imortal e no final ele confirma que num é nada daquilo e ao mesmo tempo é muito mais que tudo isso.
O mandingueiro não é um mentiroso, mas um reflexo do que as pessoas ao seu redor querem ver.Pra mim isso é mandinga.